quarta-feira, 12 de junho de 2013





Como tivemos um hiato de mais de 25 anos sem publicação, temos uma dívida com milhares de obras primas, manifestos à verdadeira arte do extremo brasileiro. Não podemos mais recuperar isso, até porque se compararmos a produção fonográfica de 1986, ano que o Acclamatur surgiu, para a quantidade de lançamentos hoje em dia, ficará sempre faltando alguma banda para comentarmos. Existe muita merda também, mas não vamos perder tempo com mediocridades de quem as vezes está até sendo honesto com o que faz, mas não tem tino para a coisa. Perderemos tempo sim, com quem quer destruir, desunir e enfraquecer nossas hordas. Percebemos que hoje em dia a voracidade, a concorrência e a deslealdade impera. E nesse tipo de atitude iremos sempre botar pra fuder. Quem conhece o Acclamatur sabe que não recuamos da luta !
Porque a volta?
Vasculhando na net, em 2010, achei uma matéria de Bruno Bruce, falando de mim e do Acclamatur.

Confesso que nem me lembrava de ter conhecido essa grande figura batalhadora do underground de Natal num show do Taurus em 1987 no Recife. A partir daí escavaquei o endereço do cara e consegui entrar em contato e agradece-lo pelas palavras de elogio ao Acclamatur.

É sempre importante para o ser humano ver o seu trabalho reconhecido e lembrado. A partir dai marcamos uma entrevista para a coluna dele no site Rock Pontiguar e depois a mesma matéria foi publicada no site Whiplash. Aí resolvir reativar o Acclamatur virtualmente, primeiro no Face , agora como blog.E nós que somos Old School, manteremos o blog sem cores e usando a estética dos cabeçalhos originais das sessões que faziam parte do zine.

Esperamos com isso contribuir e dar apoio, principalmente para as bandas brasileiras e estimular o consumo de cds, souvenirs e shows, pois é disso que as bandas vivem e o Metal nacional chegou a um nível tão bom e muitas vezes melhor que muitas bandas do 1º mundo. Para entender o zine, publicamos o link do nº 01 no lado superior direito desse blog. Perceberão nos textos a historia viva, os conceitos, a fúria e a inocência de uma época que talvez jamais retornará.

 Mas quem retorna com fúria, com fúria será lembrado

                                                                G. Burkhardt

Abaixo segue a entrevista.

Acclamatur [O Grito Hostil Original!]

Por Bruno Bruce* [@colunaRIFF]
Liberte-se! Vamos fazer uma rápida viagem no tempo.
Estamos na primeira metade dos anos 1980, a internet para as massas nem chega às raias de um sonho prá lá de distante [seu uso é restrito aos militares]. Discos & livros sobre heavy metal são raros, caros. O Brasil é um bunker fechado às importações em geral.
Bruno Bruce com o nº 03 do Acclamatur
Nesse contexto, os headbangers realizam a versão mágica metálica da multiplicação do pão: uma horda de tape traders espalha as novas bandas numa cadeia de amigos que enviam & recebem fitas cassetes via Correios. Cartas são trocadas com sua rede pessoal de contatos no país e, para os mais sortudos, no exterior. Esses contatos são a garantia contínua do fluxo de informações, a veia onde corre o sangue headbanger. Se a veia são os indivíduos, o fanzine seria o correlato do coração. É ele que impulsiona e por onde passa todo o plasma essencial da cena. Nos fanzines, endereços eram publicados, nasciam os fã-clubes e organizavam-se eventos. O fanzine chegou antes de qualquer outra publicação nacional renomada sobre heavy metal, com o aval de já nascer com a devida credibilidade dos inseridos nesse movimento [ninguém gasta seu próprio dinheiro & tempo, sem retorno financeiro, para publicar mentiras].
Tive a sorte de ser contemporâneo do pernambucano Acclamatur, fanzine a comemorar, em 2012, 25 anos do lançamento do exemplar número 1. Conheci Guga [Gustavo Burkhardt, editor] num show do Taurus em março de 1987, na cidade de Recife/PE. Guardei com carinho por quase 3 décadas um raríssimo exemplar [perdi o nº 1, restando o exemplar #3] de uma Era que morreu: o tempo romântico do heavy metal. Só posso discorrer sobre ela, como um livro a relatar a passagem dos dinossauros sobre a Terra. Vivê-la não é mais possível!

A diferença a favor do Acclamatur era ser violentamente anticlerical, rude – com suas capas pretas, a anunciar as bandas mais extremas da época. A agressividade foi a tônica que conquistou minha admiração.
Abaixo, pequena entrevista com Gustavo Burkhardt. Na minha opinião, para aquele momento, um visionário & destemido.
Bruno Bruce – Em primeiro lugar, o que diabos significa Acclamatur?
Gustavo Burkhardt – É latim e significa “solta-se um grito hostil”. Eu e Nina, quando vimos essa frase, achamos perfeita para a proposta.
BB – Você segue ou seguiu alguma religião? Sempre senti uma postura agressiva à religião católica no Acclamatur.

GB – Nunca segui nenhuma religião, apesar de jamais conseguir ser ateu, já me envolvi durante anos com esoterismo porque tenho um lado espiritual muito forte. Nota-se isso nos meus desenhos, escrituras e pintura. Nunca notei nada dirigido diretamente a uma religião. Na verdade o Acclamatur sempre foi um pouco anarquista no conceito geral. Ainda lembro no dia do lançamento do zine em um evento que iria rolar uns vídeos de metal, aqui em Recife. Ninguém havia visto a capa do Acclamatur a não ser Óliver Hellfire de João Pessoa [N.E.: lojista de heavy metal e lenda nordestina entre os headbangers] que viu a arte original. Um banger quando viu o demônio crucificado me questionou o por que de eu tê-lo desenhado assim (todas as capas e desenhos contidos nos zines são meus), aí eu respondi: “Eu crucifico quem eu quiser, o demônio, Jesus Cristo. O Acclamatur é um zine contra todo tipo de manipulação religiosa ou política”. Inclusive o grande contraste desse desenho é que o demônio esta crucificado numa cruz invertida, portanto não era uma cruz cristã. Eu sou pé atrás com a religião organizada. Na época do ‘Aqualung’ (Jethro Tull), Ian Anderson disse uma coisa bem interessante mais ou menos assim : “A religião organizada tira a liberdade espiritual do homem”.
BB – Meu primeiro contato com o fanzine foi num show do Megahertz em Fortaleza/CE. Muitos headbangers trocavam zines e fitas. O que você pensa dessa época?

GB – Foi mágica, nunca mais volta. Ver o thrash surgindo, Venon, Motorhead, aqueles riffs que pareciam ter saído do nada, foi demais. A dificuldade de conseguir material fazia com que a gente desse valor a cada fitinha gravada. Saíamos de Recife para assistir shows de bandas que haviam lançado apenas uma tosca demo tape, cada fanzine impresso era devorado.Tinham os caras que gostavam mais de Helloween e os outros mais de Hellhammer, Celtic, mas não tinha tanta frescura dessas subdivisões como agora. Na época era tudo na raça. Fomos, e digo isso com muito orgulho, desbravadores pra essa galera que tá hoje por aí. Agora tá muito fácil. Todo mundo se tatua, põe piercing. Lembro de um show que fomos em João Pessoa do Necrópolis (pra mim a mais fudida banda do nordeste) e Óliver Hellfire (vocal) no inicio avisou que deram um recado que se alguém falasse palavrão iria preso. Passamos a noite vagando pela cidade esperando amanhecer para pegar um ônibus para Recife e fomos acompanhados a todo o momento por um camburão. Tinham medo da gente.

BB – As capas, sempre pretas do fanzine, destacavam-se. Como surgiu a ideia?

GB – Queria fazer a diferença. Todos os zines da época tinha sempre uma foto xerocada da banda e a ideia era colocar sempre um desenho na capa e atrás uma foto interessante. Só não poderia ser banda. Daí o desenho do nº 1 virou logomarca do zine. Íamos na melhor copiadora de Recife, bem cedo, para aproveitar o tonner da máquina pretinho. Nada era por grana, gastávamos para fazer o zine com a melhor qualidade visual para a época. Ainda vou explicar numa exposição, página por página, como fazíamos a estética visual do zine, só com cópia xerox, ampliação, redução. Não havia computador. E acho que isso hoje em dia é que valoriza o nosso trabalho. ERA DUCARALHO !
BB – Hoje, você se considera um headanger ainda? O que escuta? [independente de estilos]
GB – Não me fechei no tempo. Sempre gostei de blues, progressivo, só que nos anos 80, era foda, não dava para ficar ouvindo King Crimson com Destruction ou Slayer destruindo tudo. Hoje escuto os estilos citados acima e tudo de peso que vier pela frente. Stoner metal, thrash, death. Bandas como Destruction (minha grande fonte de inspiração), Celtic Frost, Sodom, Exodus e todos os seguidores brutais de 80: Warbringer, Bonded by Blood, Demonica, Krisium, Old Man Child, Parasytic, Black Breath, Terror 2000, Oddium, Cruor.
Se ainda sou um headbanger? Não tenho mais aquela fúria desenfreada e irresponsável (?) daqueles tempos, mas ainda sinto aquela força quando escuto porrada e que me trás aquela sensação de juventude e de querer quebrar tudo. Ainda tenho vontade de mudar o mundo. E acho que isso é suficiente forte para bater a cabeça. Portanto, acho que vou morrer banger.
BB – A cena pernambucana de heavy metal foi a maior do nordeste e uma das mais radicais & prósperas do Brasil. Como encontra-se hoje?
GB– Aqui, infelizmente, estamos sem espaço próprio para a cena, a única casa especializada, o Bomber Bar, fechou, mas desde 2011 tá rolando muito show por aqui. Tem um pessoal novo de produção que tá trazendo grandes bandas do underground, e isso tá dando incentivo e oportunidade das boas bandas daqui abrirem para as internacionais, melhorando o intercambio. Bandas com Inner Demons Rise, Cangaço, Cruor, Firetomb, Oddium, The Ax. No interior a coisa está crescendo muito, como em Petrolina com as bandas Crematorium, Assassination, Caruaru com o Psyco Acid.
BB – Ainda há lugar para os fanzines impressos? Não pensa em montar algo no estilo mas em mídia digital?
GB – Está nos meus planos. E isso vai rolar com certeza. Mas ainda vou fazer um número especial do Acclamatur impresso em cópia xerox só para comemorar os 25 anos do zine.
BB – O que restou do que considero a Era romântica do metal? [meio dos anos 1980]
GB – Restou a certeza da lição de casa feita. Por isso estou indo para o M.O.A. [N.E.: inédito e enorme festival dedicado ao metal em São Luiz/MA] ver Venom, Exciter, Destruction, Exodus, Anthrax, Anvil. Restou a satisfação de ver seu trabalho reconhecido e elogiado, como vi uma matéria sua falando de mim e do Acclamatur, que, sinceramente, me fez rever o zine e trouxe um momento de reflexão para o que estamos vivendo historicamente hoje: veja os grandes festivais, Waken, Hellfest. Quem são as bandas que encabeçam o set? As antigas, os dinossauros que dizem estarem cansados, mas não estão. A obra ficou pronta e firme.
BB – Espaço aberto para suas considerações!
GB – Never Say Die. Façam e façam diferente. Não se preocupem em tocar muito. O importante é tocar com fúria. Era esse o ideal dos anos 80. Todos estavam contra nós. Não havia internet, não havia equipamento e o que havia era caríssimo. E nem por isso desistimos. Plantamos um ponto na historia. Mesmo que alguns não percebam, esse ponto existe e as vezes com tão pouco. É por isso que estou aqui escrevendo essas coisas, me expondo, mas quem quer fazer com fúria com fúria será lembrado.
Soltem os seus gritos hostis. Valeu !!!!!!!!!





HATEEMBRACE - DOMINATION - OCCULT - ART

A bela e climatica faixa de abertura, criada por EvandarK (Obscured Tears) já nos dá a idéia do que vem pela frente. Esse é o cd de estréia da banda de Hellcife HateEmbrace, que nos trás um Death Metal muito rico e inteligente, com incursões ao gótico nos climas mais lentos e bastante místico em todas as faixas, principalmente pelos teclados de Tamyres Daksha. Destacaria ArchaiCreation com seu começo denso e belissímas passagens de teclados e piano em meio a uma massa de brutalidade, as paradinhas e o arranjo de bateria de Ricardo Necrogod em Sphinx Ov Tebas, a Warrior Or By Nature com uma grande pegada mostrando que para se fazer uma música mais melodica, não precisa “afrescalhar” o som. Abyss Ov Apopi com as guitarras de joão Paulo e Thiago cortando o ar numa cadência Thrash.
Continuamos a viagem que o HateEmbrace nos permite com a quase épica (pelo clima que se apresenta) The Father Sun, uma sombra provocada pelo sol. Completa o senso sombrio, o vocal de Freddy e o carrego do baixo de Alexandre Cunha.
Gravado no J.A.Studio (Camaragibe-Pe), o cd apresenta uma gravação boa, onde todos os instrumentos se mostram equilibrados e o mais importante: bastante pesados. Produção da própria banda junto com Joel Lima. O desenho da capa foi feito pelo batera Ricardo e colorizado pela tecladista Tamyris. Uma imagem agressiva e ao mesmo tempo psicodélica, que transmite o clima enigmático da obra.
Embrace pode ser abraçar, aceitar, admitir. Ou seja: admita o ódio que muitas vezes está em você, e talvez assim, com menos medo, com menos receio, com menos culpa, você crie um HateEmbrace dentro de você.
                                                                    Guga Burkhardt




SUFFOCATION OF SOULS - DEMONIAC EMPIRE -DEMO THE LAST WAYS OF MADNESS -EP

Thrashão como aqueles Thrashs que agente se perde em meio a multidão ensandecida numa confusão chamada show de Metal.
Já aprendemos bem a lição. Não existe mais SP, BH, interior de porra nenhuma, o que existe é uma superação e fúria que ainda encontramos mais verdadeira e real nas cidades mais tradicionais, principalmente interior do nordeste onde a força da contravenção é o que move a arte verdadeira. E essa banda vem de Porções na Bahia.
Suffocation Of Soul lançou no ano de 2008 o cd demo Demoniac Empire de forma independente e com uma boa gravação, todos os intrumentos e vozes equilibrados, e o mais importante: com o o peso necessário para esse tipo de som.
O cd contém uma bonita introdução dedilhada e depois 4 porradarias ( se segurem se forem capazes quando entra a faixa título). Suficiente. De negativo só a horrível arte da capa que se mostra datada, não por ter sido feita à mão ( prefiro assim do que a padronização digital que nos estão impondo), mas por ser tosca demais para a qualidade do som da banda. Já a capa feita por Rodrigo Rodrigues para o EP The Last Way Of Madness, lançado em 2012, entrou melhor na proposta séria da banda: Thrash sem muita invenção, ou seja: na veia como tem que ser.
André sabe cantar sem precisar esconder deficiência como uns vocais meio engraçadinhos e irritantes, que algumas novas bandas Thrash fazem hoje em dia. As bases e solos de Tarcísio e Maurício estão perfeitas, entrosadas e com ótima alternância e a bateria de Marlon, assim como no cd demo, continua carregada de muito Thrash. Quatro faixas onde todas são destaque e como bônus o vídeo oficial (por sinal muito simples e honesto e por isso bem legal) da música Prelude To A nuclear War.
Agora verdade seja dita: prefiro a pressão exercida no cd demo, o som da bateria e guitarras mais sujas, na cara. Pode ser um distúrbio meu, mas acontece o mesmo quando escuto as demo tapes do Destruction, Kreator, At War, Whiplash e tantos outros. Talvez seja o tesão de registrar o primeiro momento, a fúria primitiva e original, a certeza de ser o foda da vez. Mesmo assim recomendadíssimas as duas obras iradas e cheias de Thrash.
Nordeste Metal . AAAAARRRRRGGGHH
                                                                          G. Burkhardt



BEAST CONJURATOR - Born From the Darkness Entrails - EP

Podre, obscure e maldoso, esses são adijetivos fundamentais para uma banda que não só quer ser, mas é naturalmente maléfica.
É impressionante a naturalidade como o Beast Conjurator toca seu Death Metal como se captasse nos arquivos akashikos, toda a áurea e clima de 80 sem nenhum esforço e em nada soar forçado ou mal feito , como algumas bandas que tem essa proposta. Consegue ser ríspido e cru sem ser tosco, é carregado sem ser melodramático.
Possessed , Hellhammer, Celtic Frost, é o oceano sombrio que essa banda mergulha. O ep já foi lançado em outros países e agora finalmente desce como uma sombra agourenta sobre nossos corpos.
Torment in Darkness, Fight in The Depths of Hades, Evil Conjurations, Coven of Doom, Ladders to Beyond e At the Wicked Ceremonial são Conjuradas com tanta energia e força que temos a certeza que a Besta virá. Faz tempo que não ouço algo tão foda !

                                                                          G. Burkhardt





SODOMA - SEMPITERNO AGRESSOR

           Sempre fui a favor de se fazer Metal extremo com letras em português, ouvindo o Sodoma de João Pessoa - PB , me vem um mixto de orgulho e certeza que a minha teoria defendida á muitas décadas se firma com essa banda .Tem que saber lidar com as palavras e transforma-las em imagens impactantes A formula é simples: uma poesia densa, carregada de maldade, heresias e muita sexualidade, afinal é esse o maior tema e base das religiões, mesmo que algumas pessoas não percebam.. E isso o Sodoma consegue de uma forma fenomenal. 
              Foda ! Foda ! Foda! É um gôzo num ambiente negro, caótico e ao mesmo tempo belo, porque o Death Metal dessa banda é brutal, mas carrega uma melodia nas suas composições arrepiante. Com títulos como Mentor da Fornicação, Estigmas Jorram Sêmen, Suprema Ave Negra, já percebemos o lirismo contido no disco.
              Produção de André Targino, excelente gravação. A arte que ilustra o cd foi feita por Ricardo Necrogod, baterista do HateEmbrace e Mgri Dakshakali e transmite perfeitamente o clima louco do disco. A banda também trabalha muito bem a estética em palco e mostra um puta profissionalismo. Sem dúvida um dos maiores lançamentos de uma banda brasileira.

                                                                        G. Burkhardt


FALLING IN DISGRACE - AT THE GATES OF DEATH - EP

Pela capona aí ao lado, já sabem o que estamos tratando. O Falling in Disgrace não só nos faz cair na disgraceira, como nos faz lembrar que tudo tem que ser feito com muita fúria e atitude. “At The Gates of The Death” passa pelo Death estreitando com o Thrash e muitas vezes um vocal de Nilson Marques rasgadamente Black e uma atitude e pegada Hardcore ao vivo, isso com uma bateria precisa de Hugor Veikon e uma guitarra infernal (desculpem o trocadilho) de Marcio Paraíso.
Betraying and Playing Dirty tem clima de roda de pogo, Nimphomaniac com seu vocal escroto é intencionalmente maliciosa. Never Die Alone e Menssenger of Death mantém o clima de carrêgo. Agora, sinceramente, como é bom ouvir uma porradaria na nossa língua (“speaking portuguese or Die”) . Quem acompanhou o Acclamatur nos anos 80 sabe do nosso apoio a bandas que cantam em português e até mesmo bandas que cantam no seu idioma próprio como o Rattus que cantava em finlandês. Sociedade em Alerta e Segundos de Realidade trazem um sentimento mais violento e quebram a mesmice pelo simples fato de estarem sendo expressas na nossa língua. Com o cuidado de não escrever letras ridículas que nos deixam com tanta vergonha a ponto de baixarmos o som para ninguém ouvir as babaquices em nome do Metal que alguns pobres “poetas” proferem, acho que todas as bandas brutais podem perfeitamente gravar algo em português.
Como bônus duas faixas do ep “ Never Die Alone”: Killer Instinct e Blood in The eyes e um cover do Danzing, Twist Cain. Mantendo a violência até o fim.
Arte de Ana Paula de Aquino que colocou os integrantes desgraçadamente mortos e dilacerados como uma profecia do que restará de nós no termino dessa cacetada. E termino de uma forma bem acadêmica esse texto: Foda ! Puta que o pariu !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
        
                                                                  G. Burkhardt





LEVIAETHAN - SMILE!
Sorria, você está sendo presenteado!
É assim que eu me sinto quando um disco com essa importância histórica é relançado. Essa crítica a esse trabalho (leia-se babação) tem um gostinho especial, pois em 1986 a banda já aparecia no Acclamatur nº 2 e agora aparecendo nessa volta “jornalística’ do zine em forma de blog.
O que falar mais desse fodaço se já muito foi dito tanto durante esses mais de 20 anos. É Thrash Metal brasileiro na veia, um dos primeiros lançados por aqui.
Nervoso como tem que ser já na abertura com Last Supper, nas bases perfeitas de Live Free Or Die e A.I.D.S, na empolgante Echoes From The Past (como foi bom e arrepiante ouvir esse refrão depois de tantos anos), a louca Pimponeta, música tradicional que ganhou uma pegada bem punk e é um dos grandes momentos do show, os belíssimos violões espanicos do convidado Cristiano Cotlinski na Spanish Blood, que depois descamba num Thrashão redondo.
               A remasterização deixou o som excelente, recuperando o peso perdido na prensagem do vinil na época. Grande trabalho do produtor Sebastian Carsin no estúdio Hurricane em Porto Alegre/RS. E não posso deixar de falar na arte irônica da capa feita por Eduardo “Pingüim” Kickhöset
Ainda tem 03 faixas bônus da demo de 83 Thrash you Brain, as Elegy of Tyrants, Sacred Sin e Salvation.
Vamos aguardar agora o relançamento em cd do grande “Disturbing Mind” de 1992, que segundo Flávio Soares, está nos planos da banda.
Sorria, você está sendo massacrado!

                                                                            G. Burkhardt





                                                                    
                 O Alkymenia é uma banda de Caruaru – Pernambuco,formada pelos irmãos Lalo no baixo e vocal, Sandro Silva na Guitarra e Dennis Kreimer na bateria, que toca um Thrash beirando o Death muito técnico e vigoroso. Principalmente quem já os viu ao vivo sabe da categoria e fúria que eles se apresentam ao vivo. Agora com experiência em palcos internacionais, vamos saber mais detalhes sobre essa grande banda falando com Lalo.

A- O que significa Alkymenia ? 

Lalo - Alkymenia é uma palavra sem significado de acordo com o dicionário  português, no início da banda tinhamos a idéia de nos chamar "Alquimia",  inclusive  fizemos alguns shows usando esse nome, chegamos a criar a logomarca da banda e como tinhamos nos apegado ao desenho louco da logomarca, queriamos manter e decidimos então acrescentar algumas letras e criar o nome sem significado e que ainda desse pra usar a mesma logo chapada que tinhamos criado e daí surgiu ALKYMENIA.


A- Observando que o cd "Dark and Nebulous" foi gravado em São Paulo no estúdio Datribo, o que levou vocês a escolherem essa opção para lançar o primeiro trabalho e vocês ficaram satisfeitoa com o resultado?

Lalo - Sim, nos já conhecimos alguns trabalhos do estúdio Datribo  e o Ciero que é produtor, proprietário, é também responsável por alguns dos exelentes discos de bandas brasileiras que curtimos muito, como Krisium, Torture Squad, Ratos de Porão, Claustrofobia e tantas outras. O Datribo é especializado em Metal e trabalha disponibilizando as opções de gravação digital e analógica e nós queríamos muito explorar isso, soar "vintage", com timbres mais graves e sem as maquiagens da tecnologia, ficamos muito satisfeitos com o resultado final e esse disco ainda nos rende bons frutos!

 A- Com relação a distribuição dos cds, como vocês administram ? O EP e o cd ainda se encontram disponíveis ?
Lalo - O EP não está mais disponível, mas o Dark And Nebulous continua sendo circulado, nós somos livres com a distribuição, temos parcerias com selos e vendas online também, mas adimiramos muito o lance de vender os produtos da banda nos shows, que é onde rola os contatos cara a cara mesmo e fazemos bastante amizades.

A- Já tendo visto vocês ao vivo, como é o ritmo de ensaio, já que ao vivo a banda mostra uma precisão absurda?

Lalo- Porra, curtimos muito ensaiar! Rs. Isso é natural, algumas vezes nem precisamos ir pra dentro de um estúdio, em casa mesmo nos trancamos no nosso quarto com nossas bagunças montadas e assim passamos horas fazendo nosso som, produzindo novidades também e enfim. Mas não conseguimos passar muitos dias sem tocar juntos, é impossível! Rs.

A -Aproveitando o tema, uma pergunta pessoal: como seus familiares aguentam a dose tripla em casa, já que a banda é formada por irmãos? Deve ser Metal o dia todo, não é?

Lalo- Rs Rs. Tiveram que se acostumar né? Por bem ou por mal! Hahaha. Acordamos pra ouvir Metal ou acordamos ouvindo, dormimos ouvindo,às vezes até mesmo um acorda o outro pra trocar idéia, mostrar um som, parece que nossa pilha não descarrega! Quando estamos em casa, minha mãe reclama do barulho e diz que não consegue dormir em paz, mas quando passamos algum tempo fora de casa ela reclama que a casa tá muito vazia e que o silêncio faz mal pra saúde dela porque ela só faz dormir. Hahaha. Vai entender né? A porra é muito louca nessa casa! Hahaha.

A- E sobre a experiência da turnê na Europa, vocês sentiram mais respeito onde tocaram por ser uma banda brasileira ou isso é mais uma lenda urbana?

Lalo- Existe sim um respeito enorme as bandas brasileiras lá fora, e esse lance de comentar que gringo é frio e individualista, não foi bem o que encontramos por lá também. Nós fomos muito bem recebidos, sempre que chegavámos logo escutávamos alguma voz... "Brasileiros", ou até mesmo um "olá". Isso não apenas nos shows, muitas vezes nos supermecados, restaurantes ou hotéis, sempre que falávamos que erámos do Brasil logo os sorrisos se abriam para nós, além dos headbangers serem fissurados pelo Metal feito no Brasil.

A- Com toda a sinceridade, qual foi o maior público e o menor que voces tocaram na turnê?

Lalo- É muito relativo esse lance de público e sobre quantidade é um pouco parecido com os shows de bandas independentes aqui no Brasil, porque depende muito de outros eventos que estejam acontecendo naquela redondeza e de serem dias legais próximo do final de semana. Chegamos a pegar shows com clubes lotados, festivais lotados, mas tivemos shows até em segundas-feiras com público bem reduzido, acho que 30 pagantes, 50 talvez, mas isso pra eles é muito natural  inclusive pra nós também, quantidade não significa nada se você não tá conquistando toda atenção dos que estão presentes, nem consegue vender seu merchandise no final do show!

A- Para que outras bandas aprendam com o sucesso de uma banda que saí do interior do Nordeste para a Europa, com apenas o ep "The Don't Deserve Respect" e o cd "Dark and Nebulous" lançados, como vocês chegaram tão rápido lá?

Lalo- Também temos um outro registro que lançamos em 2010 no show que fizemos no Abril Pro Rock chamado "Shame". As conquistas são muito naturais, não tem segredo nem uma formula exata para as coisas acontecerem, acredito que basta produzir o que você sente nas veias com honestidade e humildade, se esforçando cada dia mais que uma hora você vai conseguir realizar os seus planos, existe uma porrada de bandas que priorizam "chapação, menininhas e aventuras", perdem tempo reclamando da cena ou falando mal das bandas que ralam 24 hs pra fazer seu trabalho. Outras que vivem bitoladas no passado tentando ser lendas e acabem esquecendo da seriedade pra manter uma banda profissional.

É isso aí, Akymenia, uma banda relativamente nova, mas que demonstra que a maturidade é a principal fórmula para o seu sucesso ! Acclamatur agradece !!!!!!



Essa sessão foi criada na época de quase guerra entre punks e bangers e embora alguns não adimitam, era briga por causa de música. Consciência uma merda !!!!




REALIDADE ENCOBERTA - EP

A banda Realidade Encoberta foi fundada idealizada por Nado nos anos 80, em plena época de tretas entre punks e bangers, e foi umas das grandes bandas de crossover surgida em Pernambuco. O mesmo veio a falecer e a banda encerrou suas atividades no início dos anos 90.
A RE volta com fúria total, Carlão o atual vocalista que substituiu Nado depois da sua ida, Daniel e Túlio nas guitarras impondo bases fortes e precisas, o baixo de Magão também tem presença firme e a bateria de ZK é o destaque do cd. A sua pegada mostruosa e precisa traz às músicas uma sensação de movimento e urgência que toda boa banda desse estilo precisa.
Sistemas de Terror, Postura Falsa, Não Deixe de Lutar, Suícidio, S.O.S. Identidade Humana são porradas empolgantes e com um nível de gravação muito foda. E o melhor é que é esses esporros sao gritados em português, PORRA !

                                                                       G. Burkhardt





PRÖJETÖ MACABRÖ - No Silêncio Surge o Caos - EP


Formado em 2009 em Recife, pela dupla Vando Sujeira na bateria e vocal e Adriano na guitarra , baixo e vocal, o Pröjetö Macabrö toca um hardcore com muita sujeira e urgência. O ep foi lançado pela F.O.A.D. de Brasilia.

Começa com barulho quase aconchegante de chuva e explode com a faixa Do Silêncio Surge O Caos, título do cd, que termina de forma rápida, como bom hardcore, com o som de uma metralhadora ligando com a faixa de mesmo nome da banda. A próxima Doença Fatal tem uma letra longuissíma: Você me deixou com a doença fatal, que é a vontade de não viver. Mas as vezes uma frase diz mais que muitos livros. Inexistência Divina uma mensagem ateista diretissíma vem seguida de Suicida com outra letra curtíssima que finalmente encontra Fim da Vida e culmina em Meu Funeral.
Pode-se considerar até um disco conceitual, onde a primeira faixa fala do silêncio onde surge o caos e vendo a morte, miséria e devastação geral se contrai a doença fatal que é a vontade de não viver e se decepiciona com as organizações religiosas e percebendo a inexistencia divina e cometendo suicidio encerrando a obra em um funeral. Liricamente é simples mas bem pensado e forte.

                                                                    G. Burkhardt




7 DIAS DE MASSACRE - Desesperança - EP

Apesar de se colocar como uma banda de crust/grind de Recife a 7DDM traz uma energia por vezes mais lenta e beirando mais ao Hardcore. Por esse motivo esta colocando nessa sessão.
A gravação é muito boa, suja na medida certa e com um vocal visceral, mas bem legível de George. Gravado e mixado por Joel no J.A. Estúdio entre 2009 e 2010. Na bateria Sérgio, Guitarra com Maurilio e Baixo e vocal, Eurick.
O conteúdo lírico é pra chocar mesmo. Fala de violência, estupro, religião e coisinhas mais.
Maníaca obsessão, Impulso Assassino, Vermes, Dá Pra Levar A Sério? e Infanticídio, são as "pérolas que mostram e provam que o importante é com que raiva e atitude se toca e as firulas instrumentais nem sempre estão alinhadas a agressividade necessária ao Metal, Punk e todas as vertentes de peso.

                                                                          G. Burkhardt





Num território a beira do oceano atlântico, levantou-se uma coluna de rocha, era o ano de 1984 e seu peso sobresaia aos outros. Seu líder um Vândalo acompanhado de um Animal espancador de tambores e um outro bastardo chamado Claudio Lopes.
Entidade criada e nominada como num simples golpe de sorte, ao abrir um livro, o dedo às cegas apontava um nome: Dorsal Atlântica.
Ereta a Dorsal emergia seu nome em um Ultimatum ao peso e a agressividade poucas vezes ouvida em terras daqui.
            Dividiu seu avanço com uma Metalmorfose , em uma obra com cinco gritos de guerra. Em poucos mais de um ano já tendo conquistado seguidores  Antes do Fim, lançou mais um aviso de guerra com uma rispidez e com palavras inteligentemente mais duras que as deferidas no primeiro ultimato. Mostrando com isso , que o Vândalo estava mais ardiloso e inteligentemente curtido para as próximas batalhas.Um Casca grossa  mais veloz nos tambores substituiu o outro Animal. O ano era 1986.
Em uma época de brigas de tribos e diferenças cada vez mais aparentes com várias facções reinvidicando seus territórios, foi lançado o conflito como um grito para Dividir e Conquistar. 1988 assistiu ao caminhar cada vez mais ereto dessa máquina de guerra.
O som provocado pelo movimento de cordas e tambores era ríspido, grosseiro e provocador e estava conquistando o mundo, Vândalo procurou outras línguas, cuspindo seus versos à Procura de Luz, formou um conceito cada vez mais social em seus discursos que ficavam cada vez mais herméticos e talvez o egocentrismo estavesse começando a pesar na Dorsal.
Vândalo se fechou em ocultismo, esoterismo gnóstico e outras espiritualidades, talvez para vence sua grande guerra, assim como Arjuna no livro Hindu, o Baghavade Gitã, a guerra contra si mesmo. E mesmo com o peso, a obra veio carregado de enigmas e mensagens esotéricas e 1992 prometia muitas conquistas.
E pareciam cada vez mais próximas quando em 1994 A Sorte Estava Lançada, com a Dorsal contando a história de um Cristo Negro e favelado no Rio de Janeiro.
As temáticas continuavam corrosivas e o mundo aos poucos se voltava para eles e o caminhar estava totalmente ereto.

Em 1996 foi lançado no campo de guerra a arma mais pesada e voltando a velocidade hardcore, o colosso ainda parecia imune ao tempo e como um gigante avisava que a coluna Não Curva. Vértebra por vértebra a guerra parecia vencida, mas o gigante depois de vinte longos anos envelheceu, começou a sentir a coluna de sustentação, como um animal envelhecido e involuindo até perder a habilidade de andar ereto, em 2001 a Dorsal Atlântica voltou a adormecer no mar. Vândalo se adestrou e voltou a ser Lopes , em alguns momentos como um ancião perdido cuspiu e se fechou nos seus mitos, agredindo até as tribos que o seguiram .
Largou o couro, os braceletes e as balas de guerra,  se vestiu de vermelho, imaginado-se montar um mustangue que só o levou ao abismo.
Em 2012 resolveu num processo auto fisioterapeutico, erguer a coluna, erigir novamente a Dorsal, convocou seus dois antigos guerreiro, o Porco e o Lopes e como um pedinte, sem respeito nenhum à seus soldados antigos, mendigou sua guerra, pareceu esquecer quanto negou tudo aquilo que colava as vértebras, tudo aquilo que sustentava a Dorsal: respeito mutúo e nobreza. Lançou um combate, com a cara de Cristo, morto, ferido e talvez como ele, apenas um mito que nunca existiu.
              
                                                              G. Burkhardt



ACCLAMATUR é : Guga Burkhardt & Nina Burkhardt
Ilustração da capa: Guga Burkhardt
Agradecemos à todas as pessoas que estão conosco todos esses anos, não é preciso citar nomes, elas presentem quem são.
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